18/03/09

Em Paris, aos 70 anos, desaparece um artista “singular”


Morreu Alvess, o artista secreto português

O artista português Alvess, nome de guerra de Manuel Nogueira Alves, morreu domingo em Paris aos 70 anos. Descrito como "artista secreto" pelo desconhecimento público em que esteve envolto durante grande parte da carreira, a obra de Alvess teve apenas uma exposição individual - há um ano, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto.
"Com o desaparecimento de Alvess, o contexto artístico português perde um dos seus artistas mais secretos e singulares", comentou em comunicado João Fernandes, director do Museu de Serralves e que comissariou com Sandra Guimarães a exposição antológica "Alvess".
Radicado em Paris desde 1963, onde encontrou Lourdes Castro ou René Bertholo, outros artistas portugueses baseados na capital francesa, o artista viseense apresentou como primeiras obras telas aparentemente vazias e esticadas, nas quais os desenhos brotavam através da manipulação de fechos ou buracos. O seu trabalho passou pela performance, pela "mail art" e pelo constante ironia sobre os objectos do quotidiano. Provocatório e crítico da apresentação dos objectos artísticos, foi convidado para participar na Bienal de Paris em 1969 e 1971 - na qual realizou uma performance intitulada "As Sete Horas de Alvess", na qual corria uma hora por dia durante uma semana nas salas de exposição, como mostrando o artista como um "atleta de competição".
Em Lisboa integrou a exposição colectiva "Alternativa Zero: Tendências polémicas na Arte Portuguesa Contemporânea", em 1977. A partir dessa época, continuou a trabalhar mas fora dos circuitos artísticos - afastado de galerias, leilões, coleccionadores ou da crítica. E do mercado.
Fonte: Público

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