NA ZDB/LX
Sábado 08 de Março às 23h
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Rafael Toral (PT) Aquaparque (PT)

Rafael Toral: Nome incontornável na área das novas electrónicas, Rafael Toral regressa à ZDB para apresentar pela primeira vez em público 'Space Study 4', peça a solo para sintetizador modular e parte integrante do cada vez mais celebrado Space Program, projecto que propõe um estudo aprofundado em instrumentos electrónicos segundo os princípios orientadores do jazz.
+ Info: myspace + Info: site + Info: space study 3 ao vivo na zdb + Info: space study 2
Aquaparque: Duo de André Abel (dos Tropa Macaca) e Pedro Magina (anteriormente nos Dance Damage, por onde Abel também andou) em estreia na ZDB, Aquaparque actualiza o esqueleto estético da no-wave nova-iorquina (principalmente Suicide, mas também os Material do início ou os DNA de Arto Lindsay) incorporando-o como pouquíssimas vezes se tem ouvido por cá numa espiral de som absurdamente novo, com uma clareza identitáriaentusiasmante, a querer dizer que esta malta tem muitas ideias e muita coragem. À porta devem encontrar à venda o cd-r 'Aquaparque', renovado ponto de partida do psicadelismo-quase-noir pensado em português, para ouvir obsessivamente e guardar lá em casa ao lado das melhores edições dos Excepter.+ Info: myspace
Entrada: 6 €
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Terça 11 de Março às 22h
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Silver Apples (US) Coclea (PT)

Silver Apples
Dos maiores visionários do final dos anos 60 (e isto é dizer MUITO), os Silver Apples têm servido como influência para gerações de músicos. Dos Suicide nos 70s, aos Spacemen 3 (no particular de Pete Kember/Spektrum) nos 80s, à geração dos 90s constituída por bandas como os Stereolab, Laika ou Broadcast, a um par de décadas de música de dança. Contudo, como de costume, à época, poucos lhes deram a atenção devida e o respeito merecido pelo trabalho absolutamente pioneiro (a vários níveis, não só estéticos) que faziam, só chegou muito mais tarde. Apesar de regularmente terem reacções verdadeiramente violentas à sua música e de terem pertencido a uma editora que sempre complicou e nunca compreendeu, a grandeza, pureza e inocência de objectivos, almejamentos e sentidos, permaneceu até ao primeiro (e mais marcante) fim do projecto, em 1970, após nem meia década de intensíssimo trabalho, dois discos e centenas de actuações por toda a América.
Ciente das revoluções de Ornette Coleman ou Sun Ra, Simeon Coxe, o mentor dos Silver Apples, deu por si, ainda por volta de '63, a tocar com uma banda de músicos do Harlem, todos de passado e presente ligado ao bluegrass. Terão sido essas melodias, provenientes da folk norte-americana, um dos elementos mais tocantes e originais da banda. É como se ouvíssemos Woody Guthrie ou Charley Patton no espaço sideral a falarem sobre o que vêm à volta, em melodias de natureza tão simples quanto universal. Paralelamente a isto, Simeon, integradíssimo na Nova Iorque da década de 60, tanto bebia copos com DeKooning, ou com os maiores do movimento de pintura abstracta, como acabava por contactar com a Œintelligentsia¹ de Greenwich Village e arredores da poesia contemporânea da altura (várias letras dos dois primeiros discos dos Silver Apples, são inclusivamente escritas por algumas destas figuras), factores que deverão ter contribuído de forma substancial para a cabeça do rapaz estar constantemente a fervilhar. Às vezes é mesmo preciso estar no centro do Universo das ideias para se fazer uma revolução.
Porém, eventualmente o lado mais inédito da banda terá sido a incorporação de electrónica avançada num contexto de música pop. Praticamente um exclusivo de departamentos de som em universidades tanto americanas como europeias, regra geral cedidos aos experimentadores da época (como Ussachevsky e Babbit em Columbia, que andavam ali por perto), tratava-se de material extremamente caro e apenas existente fora da circulação comercial mais massificada. A abordagem 100% DIY que Simeon teve à construção de uma gigantesca parafernália de maquinaria, de osciladores a sistemas de pedais, que muitas vezes tinham que ser soldados cada vez que pisava um palco, é completo punk rock. Se a isto juntarmos o facto de Simeon não saber uma única nota de música, o auto-didactismo é ainda mais mirabolante - em vez de tocarem uma música, por exemplo, em dó, os Silver Apples tocavam músicas a partir de uma série de ligações de máquinas e circuitos que correspondiam a uma cor, pelo que os temas eram tocados em 'azul' ou 'amarelo'; o baterista Danny Taylor, criador de inúmeros e memoráveis breaks e beats, verdadeiro virtuoso, montava dois kits de bateria, com cada tarola e timbalão afinado de acordo com as músicas do reportório da banda. Coxe, por cima disto tudo, por não ter mais mãos para todos os sintetizadores de que necessitava para fazer a sua música, criou ainda um sistema de pedais, com o qual controlava os osciladores que emitiam frequências e melodias mais graves.
'Silver Apples' e 'Contact', os dois primeiros álbuns da banda, foram objectos muito mal promovidos e distribuídos pela Kapp Records, mas que conseguiram, apesar de tudo, alguma exposição à banda, que andou por toda a América a dividir palcos com vários luminários da época: dos Fugs, a Allen Ginsberg ou Normal Mailer no Fillmore East em São Francisco, aos Blue Cheer a mandarem abaixo a casa e embora o público com a sua muralha de amplificadores. Dividiam, às tantas, o mesmo estúdio com Jimi Hendrix (a quem Simeon chamava "Mr. Experience"), e tocaram a sua peça 'Moon Teem' num concerto gratuito no Central Park, que passava imagens em directo num ecrã gigante de Neil Armstrong a pôr o primeiro pé humano na lua, enquanto dezenas de milhares no público choravam e se abraçavam numa noite de chuva intensa (reza a lenda). Com um agente megalómano já com dezenas de milhares de dólares de dívidas e imensas encrencas legais, a banda dava o último concerto na sua primeira encarnação oficial em 1970.
30 anos volvidos após o desmembramento da banda, Simeon Coxe voltava aos palcos com uma nova formação, em trio, acordando em surpresa para um mundo de criativos que tinha vindo a influenciar fazia décadas. O terceiro disco de originais dos SIlver Apples, perdido à época devido a uma enorme confusão de transição de material em armazéns, foi finalmente editado, e Simeon regressou ao trabalho. Contudo, há pouco menos de uma década, um grave acidente de viação colocou em causa a vida do músico e, subsequentemente, o seu trabalho criativo. Paralelamente a isto, o baterista Danny Taylor faleceu em 2005, pelo que planos futuros para o grupo pareciam completamente fora do horizonte.
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Coclea
Responsabilidade de Guilherme Gonçalves, Coclea é dos mais meritórios projectos a sair de Portugal no último par de anos. Ritualista de alma inteira, Gonçalves esculpe, com o seu manancial de instrumentação e aparelhómetros cósmicos, paisagens e realidades abstractas, a sua visão própria do trilho para a libertação espiritual, a fuga das formas, o encontro do eu com o metafísico, a libertação do momento em que a ascese se torna rebentamento e os seres voadores voltam ao espaço.
Já com dois lançamentos de tiragens pequenas, uma em regime de edição de autor, outro pelo centrão barreirense Searching Records, Gonçalves prepara-se para lançar o seu primeiro disco com maior circulação pela Ruby Red, fundamental sede lusitana para alguma da mais vital música marginal do Ocidente e arredores. Nós, que já tivemos a fezada de o ouvir, fazemos jura de escuteiro que se trata de um maravilhoso exemplo acabado de arquitectura de trip, faseado com o ritmo dos pacientes e guiado pela luz dos anjos.
Oportunidade especial num serão particularmente extra-terreno para pôr os olhos numa das ainda primeiras aparições públicas deste artista, que, a julgar pelos primeiros passos, tem longo e rico caminho à frente. Abram alas ao homem.
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Entrada: 8 €
Tiquês disponíveis antecipadamente nas lojas de discos Ananana e Flur
Programação Filho Único em colaboração com a ZDBMÜZIQUE
galeria zé dos bois - rua da barroca, 59 - 1200-049 lisboa - portugal
t.: + 351 21 3430205 - - reservas@zedosbois.org
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