15/09/11

"A Velha" de Miguel Borges - Teatro Faialense


Ficha Técnica:

por Miguel Borges
Texto – Daniil Harms
Assistência – Paulo João
Fotografia e Grafismo – Miguel Nicolau
Produção Executiva – Marta Vieira
Apoio Técnico e Montagem – Ana Rosa Abreu e Daniel Coimbra
Uma Produção – João Garcia Miguel, Unip.Lda
Agenciamento – JGM | Filipa Hora
Apoio – Casa d'Dias da Agua
Estrutura Financiada – Ministerio da Cultura | Direcção Geral das Artes
Co-produção no Faial: Hortaludus E.M. e Teatro de Giz
Financiamento: Câmara Municipal da Horta 
Apoio: Estrela do Atlântico




Crítica

“Uma personagem muitas personagens – o texto não obriga o intérprete a essa versatilidade – e uma velha que é muitas coisas.  
Miguel Borges numa multiplicidade de papéis sem nunca deixar a sobriedade de uma actuação inteligente, cerebral e nada condescendente com histrionismos fáceis.

O dom da palavra, da concisão, do gesto preciso, da elisão dos movimentos inúteis – ou “entretantos” – expressa nas passagens bruscas entre posições, atitudes, máscaras. A condizer com o despojamento do espaço, a sua austeridade ou fisicalidade, isto é, a imposição de um espaço, paredes, canos ou condutas, como símbolo possível de uma comunicação que começa e não acaba, salvo quando a luz fecha, abrindo no entretanto sobre uma velha, um maquinista, uma mulher, algures vista numa padaria – e que por não ter nome – como a velha? – fica vulto – o amigo com que se bebe - e embebe – em vodka, a vizinha, um colectivo, em suma, que circula, mais o manco que pedincha e o gozo dos putos de rua: uma multidão num espaço fechado – como o corpo que finalmente nem existe mas se vê dentro da mala – vermelha –a única cor garrida em cena - uma acusação que ameaça – a de um social alheio a qualquer razão subjectiva e que procurará no protagonista um assassino – mais uma reza escatológica – como deveriam ser todas as conversas com a divindade – num canto da cena, entrevendo um corpo que durante toda a representação se oculta, quer sob palavras-imagens, quer num fato que aperta, e de que mal se liberta – salvo quando evacua. “

Carlos G. Melo

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