02/03/09
Transformar ideias em arte e a arte em negócio
19.02.2009, Sérgio C. Andrade
Os dez projectos seleccionados para o I Prémio Nacional de Indústrias Criativas foram desafiados a transformarem ideias em negócios geradores de emprego e riqueza
As indústrias criativas estão na ordem do dia. É verdade que a necessidade (leia-se: a crise) aguça a determinação em procurar novas fontes de criação de riqueza. E Portugal parece querer encontrar de vez o seu lugar no novo comboio do "empreendedorismo", o conceito que entrou já no glossário político e económico.
É disso que se vai falar, hoje e amanhã, na Fundação de Serralves, no Porto, instituição que no ano passado lançou uma incubadora de artes e que tem vindo a apostar também nesta área. Os Encontros para a Competitividade, iniciativa regular do IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento), são este ano dedicados às indústrias criativas, com uma série de convidados que irá debater temas como as parcerias para a inovação, o financiamento e os lugares criativos.
Ainda que não façam parte do programa, sobre as mesas de trabalho vão certamente estar os dez projectos que, no final de Janeiro, foram seleccionados para passarem à segunda fase do I Prémio Nacional de Indústrias Criativas. Os finalistas foram escolhidos a partir de 171 candidaturas, número que "ultrapassou as expectativas" do júri representando as duas instituições principais patrocinadoras do prémio, Serralves e a Unicer.
Jorge Pinho de Sousa, professor de Gestão na Faculdade de Engenharia do Porto, e membro do júri em representação de Serralves, recorda que, no ano passado, para a incubadora de artes da fundação se apresentaram apenas 80 candidatos. "Aqui estamos a falar de negócio, e não de um concurso de artistas", nota este especialista, acrescentando que no concurso das indústrias criativas surgiram projectos e ideias "em diferentes estados de maturação", alguns dos quais de pessoas já instaladas no mercado.
Olhando para a lista dos dez projectos seleccionados, ressalta a presença maioritária do design. Jorge Pinho de Sousa lê nisto "um sinal do défice que Portugal ainda apresenta neste sector", onde há gente "com muitas ideias", mas com deficiente formação (e pouca ousadia) nas novas tecnologias e no multimédia, que fazem a força, por exemplo, da Inglaterra, o país que mais tem avançado nas indústrias criativas.A presença maioritária do design e da arquitectura (respectivamente com 32 e 16 projectos na lista inicial de candidaturas) é também o reflexo do desemprego que afecta os jovens recém-formados nessas áreas - "e que vêem neste concurso uma possibilidade de acesso ao emprego", diz Pinho de Sousa, que acredita na "enorme potencialidade" das indústrias Criativas.
Os dez candidatos (ver texto nestas páginas) são agora convidados a elaborar, até Abril, com o apoio dos parceiros do concurso, um plano de negócios com os seus projectos. No final de Maio, será anunciado o vencedor, que terá direito a um prémio pecuniário de 25 mil euros e a entrar na Incubadora de Arte de Serralves.
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