24/07/08
Multimédia interactiva : Rudolfo Quintas presente nos Açores
24 Julho 2008 [Sociedade] - Correio dos Açores
Um dos nomes emergentes na área da multimédia interactiva a nível internacional, o jovem lisboeta Rudolfo Quintas, esteve na Região a encetar uma série de actividades. Além de júri no concurso de ciber-arte Labjovem 2008[*], realizou também o workshop “Novos Media/Novas Abordagens” nos dias 14 e 15 deste mês, encetado com o objectivo de pesquisa e criação de novas abordagens dentro dos média interactivos. A sua passagem pelas ilhas ficará concluída com uma performance no Festival musical Azurre 2008, que decorre de 24 a 26 de Julho. Quintas desenvolve desde 2001 variados projectos de multimédia, desde performances e exposições a seminários e workshops, actuando em lugares tão variados como Nova Iorque, Istambul e Helsínquia. Actualmente, desenvolve funções de professor assistente do curso de Desenho e Multimédia Interactiva na Universidade da Beira Interior, e já foi professor assistente do curso de Media Interactiva e Animação 3D em computador na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha. É também co-fundador e Director Artístico do projecto SWAP, dedicado a arte criada com novas tecnologias.
A multimédia interactiva é baseada na informática e no design e, tal como o nome indica, a sua principal premissa é a interacção do conteúdo digital, nomeadamente imagem e som, para com as pessoas e o público, sendo ele próprio a criar a animação. Um exemplo prático na área é a criação de ambientes interactivos onde a presença das pessoas faz modificar uma imagem ou interage com conteúdos visuais. Um exemplo pode ser visto em alguns bares e discotecas, em que, ao pousarmos um copo na mesa, surge à volta deste uma imagem. Embora seja considerada uma arte, a sua aplicação além de lúdica também pode ter um fim mais sério, designadamente no campo da publicidade, onde é vital serem competitivos apresentando ideias e marcas de maneira original. Actualmente há empresas a explorar esta área para promover marcas como, por exemplo, no aeroporto de Lisboa, onde há uma projecção animada pelas pessoas que publicita um automóvel. Ou ainda em algumas passagens de modelos, em que se utiliza uma projecção que é modificada pelo desfilar dos manequins.
O funcionamento da multimédia interactiva é conseguido através do uso de sensores de movimento que captam os movimentos e a informação em tempo real. Da mesma forma que se usa um rato do teclado para interagir com o computador, a media interactiva utiliza instrumentos mais complexos como sensores de movimento, de temperatura e mesmo câmaras de vídeo para se captarem movimentos. Essas posições servem depois como um “input” para dentro do computador onde estão os conteúdos visuais que são projectados. Além de trabalhar com esta tecnologia, Rudolfo Quintas também se encontra a desenvolver software e a introduzir a linguagem de programação destinada à criação da multimédia interactiva. São destinados a criadores visuais e sonoros, dando questões de orientação programada a esta parte criativa na qual as pessoas têm de criar pequenas aplicações de software que envolvem a parte gráfica e o som, desenvolvendo um software específico para criar um ambiente digital.
Acerca da sua experiência como júri de ciber-arte do concurso LABJOVEM – Jovens Criadores dos Açores ocorrida o ano passado, Quintas afirma ter sido uma experiência bastante positiva, destacando a atitude profissional da produção de princípio a fim. Realçou também que esta iniciativa ajudou a criar um contexto para que os jovens da Região possam ter mais visibilidade na área da multimédia interactiva e continuem este tipo de actividade doravante, porque é algo que é preciso dar continuidade para se verem frutos, e demora tempo a surgirem resultados. Antes da sua passagem por cá, havia pouco conhecimento e técnicas na área e, no fundo, a sua vinda para os Açores serviu para dar formação e passar alguns conhecimentos da multimédia interactiva, tornando os interessados na área competitivos e inovadores naquilo que desenvolvem.
Para Rudolfo Quintas, estas novas tecnologias representam um grande potencial para os jovens dos Açores, especialmente porque hoje em dia a Internet permitiu acabar com o isolamento que se verificava há uns anos. Citou que há cerca de dez anos, ainda era preciso ir a cidades como Londres ou Nova Iorque para desenvolver o seu trabalho, enquanto hoje mesmo em Portugal podemos ser competitivos. Referindo a sua experiência pessoal, apenas com 27 anos já passou por vários países, sendo isto possível porque, apesar de estar num país “periférico”, a qualidade do seu trabalho é tão competitiva como a dos jovens da mesma idade noutros países mais habituados a lidar com novas tecnologias. Quintas destaca que, se resultou para si, também pode resultar para com os jovens açorianos porque a ferramenta é a mesma, o computador, e a informação também, e está toda na Internet. Indica sim ser necessário alguém a introduzir ferramentas, que é a sua função, fazendo o mesmo na universidade onde lecciona no continente, em que a situação também é nova. Por ser uma tecnologia nova, permite que as pessoas construam uma visão própria para as abordagens da tecnologia, tornando-se tão competitivos como qualquer jovem noutra parte do país e do mundo.
Para o festival Azure a decorrer na ilha Terceira, arrancando a 24 de Julho, Rudolfo Quintas desvendou um pouco o que vai apresentar. Entre a sua performance constará um espectáculo sonoro chamado “burning the sound”, em que utilizará o som dos isqueiros e chamas destes para criar sons em tempo real, usando a “gestualidade” do fogo para criar e modificar a musicalidade. É um trabalho desenvolvido durante este ano, apresentado por algumas cidades na Europa e agora mostrado no Azure. Outro exemplo do que será mostrado no Azure e relacionado também com o recente workshop é um graffiti digital em que as pessoas apontam uma luz, uma lanterna para a parede e através desta luz criam um desenho e sons. Destaca que é uma experiência mais ligada ao entretenimento, ao lado lúdico da parte musical e visual, mas que, ao mesmo tempo, serve para demonstrar a potencialidade destas tecnologias do lado criativo, e que o lado tecnológico é tão importante como o lado criativo. A tecnologia é técnica e depois depende da área de formação das pessoas.
*Integrou o júri da área de ciber-arte na edição do Concurso Labjovem de 2007 (observação nossa). Tomámos também a liberdade de corrigir o nome do artista, uma vez que no artigo referem-se a Rodolfo Quintas quando se trata de Rudolfo Quintas.
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