21/11/07

Talvez, um novo começo....

A Cultura que nos Assiste *

A produção cultural nos Açores está condicionada pelo seu carácter disperso, pela idiossincrasia da sua cultura, pela formação dos seus executantes, pelo confronto com outras influências e, sobretudo, pelo isolamento, cada vez menor, a que estão sujeitos os criadores insulares. O confronto com novas linguagens, abordagens e um público esclarecido definem, em muito, a evolução operada no sector. Público e artistas/criadores partilham, actualmente, um palco comum. Assistimos a toda uma aprendizagem, difícil, a que estão sujeitos os diversos agentes culturais nas diversas áreas. A mutação de valores e de práticas alterou substancialmente as formas de ver e de olhar a cultura. A abertura de novos espaços e a renovação e reabilitação de outros possibilitou uma maior fruição e a programação regular de múltiplas formas artísticas, bem como o encontro regular de forma mais ou menos informal com artistas, jornalistas e críticos e tem permitido a difusão de capital informativo fundamental na prossecução de uma maior disseminação cultural. No entanto - e não obstante todas as alterações operadas no sector cultural público, privado, associativo e mesmo recreativo -, persiste um carácter amador intrínseco à actividade.

Existe uma série de condicionantes que interferem com uma actividade criativa regular, o que delimita a evolução em termos de dinâmica e mesmo de programação atempada, sendo que esta continua a ser, a par com uma articulação em rede de várias instituições, uma das lacunas a melhorar a curto prazo na região. Obviamente que a actividade cultural não gera per si rendimentos que a façam subsistir por si mesma. Toda e qualquer actividade cultural, seja ela de cariz associativo, de intercâmbio ou a itinerância, carece de um apoio institucional, municipal ou governamental. Contudo, acredito que, no conjunto das entidades envolvidas em torno da questão cultural, os números gerados pela dinâmica económica local são significativos, muito embora não haja dados que o comprovem, pelo menos, em termos oficiais. Um desafio que se coloca.

* edição de 13/11/07 do Açorino Oriental
Alexandre Pascoal

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