Nasceu na Ilha Graciosa - Açores - em 1978. Frequentou o curso de Matemática (ensino de) da Universidade dos Açores. Em 2006 licenciou-se em Belas Artes – Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
Colectiva ao 8itavo Mês
DE 26 DE JULHO A 08 DE SETEMBRO DE 2007
GALERIA PEDRO SERRENHO
RUA ALMEIDA E SOUSA, 21A
CAMPO DE OURIQUE
1350 - 066 LISBOA
DE TERÇA A SÁBADO, DAS 11 ÀS 20HOO
Colectiva ao 8itavo Mês - Texto de apresentação
No início do discurso da modernidade pictórica desenvolveram-se, basicamente, duas linhas de pesquisa: uma mais sensorial, vinculada com o postulado do "olho inocente ou infantil", em que o poder da pintura (ou das artes plásticas) radicava na capacidade de perceber as manchas, as formas e as cores enquanto tal, sem consciência do que, eventualmente, pudessem significar – é o que John Ruskin propunha nos seus textos de arte –; a outra, pelo contrário, sugeria uma participação da capacidade mental, que classifica, organiza e produz, consequentemente, um sistema especifico do plástico – os escritos de Maurice Denis dão conta dessa procura –. A contradição evidente dessas duas linhas de pesquisa diluía-se, ou reconciliava-se, numa mesma vontade: a de configurar uma linguagem plástica, própria e independente, que tentava cortar o vínculo com os temas, com as palavras e com os relatos, fossem estes sagrados ou literários. Por consequência, de forma inevitável, esta linguagem está subjacente em todas as mostras de arte, alargando-se nas colectivas, que oferecem um leque variado e diversificado de propostas. A mostra (ou exposição) colectiva tem a potencialidade de configurar um aparente espaço de coexistência pacífica, dando possibilidade à origem dos mais variados critérios: quer de leitura por parte dos espectadores, quer do discurso encarregado de aglutinar ou explicar esta diversidade nas técnicas, nos instrumentos, nas operativas e nas intenções dos artistas apresentados. Circulam, portanto, neste espaço, uma série de intenções: umas mais explícitas e outras implícitas; umas abertamente declaradas e outras mais próximas do murmúrio. Daí, não é de forma leviana que se assume a responsabilidade da realização de uma exposição deste tipo, sobretudo por esta também se propor a elucidar sobre a inevitabilidade do destino de toda obra artística: desde a ocupação de um muro (ou do dito espaço), até ao apelo que leva o espectador a procurar e criar uma possível leitura.
Reflexão sobre o projecto pessoal
Ruby SlippersPor questões técnicas, os sapatos prateados que L. Frank Baum atribuiu à personagem Dorothy no seu livro The Wonderful Wizard of Oz (de 1900), foram substituídos por sapatos vermelhos para a realização do filme The Wizard of Oz, em 1939. Estes sapatos são oriundos de uma bruxa, a Wicked Witch of the East, e disputados pela irmã da mesma, a Wicked Witch of the West, por possuírem poderes mágicos: ao usa-los, Dorothy fica protegida contra a malvadez desta última e pode regressar a casa quando quiser, bastando-lhe, apenas, bater os calcanhares três vezes e dizer "there's no place like home". Consequentemente, apesar de muita gente ignorar a existência de um motivo subjacente, os sapatos vermelhos ganharam uma conotação mágica. É pela existência dessa conexão, que aproprio a denominação "ruby slippers" para o conjunto de trabalhos que desenvolvo. Possuo um enorme fascínio pelos enredos da vida – pela forma como as situações que a compõem se desenrolam – e tenho a constante tendência, resultante de uma óbvia necessidade, de transpor essas narrativas para a tela. O que acabo por transpor são narrativas pessoais, porque foram as experimentadas por mim, mas tanto as conto conforme aconteceram, como conforme fiz questão de entende-las. Os fenómenos da vida que considero mais empolgantes acontecem em viagens: tanto físicas como mentais. Por isso, é inevitável que cada um dos meus trabalhos tenha uma viajem subjacente – da qual trago os elementos que mais me fascinaram e jogo o seu enredo para a tela. Depois da tela estar terminada, são os "ruby slippers" que assumem todo o protagonismo, porque é nesse preciso momento que os descalço e entrego ao espectador, não com o intuito dele voltar para casa, mas para que, tal como eu, ele percorra caminhos tão fantásticos e mágicos como os da Alice criada por Lewis Carrol. Todavia, a sua viagem será, certa e curiosamente, bastante distinta da minha.
Colectiva ao 8itavo Mês
DE 26 DE JULHO A 08 DE SETEMBRO DE 2007
GALERIA PEDRO SERRENHO
RUA ALMEIDA E SOUSA, 21A
CAMPO DE OURIQUE
1350 - 066 LISBOA
DE TERÇA A SÁBADO, DAS 11 ÀS 20HOO
Colectiva ao 8itavo Mês - Texto de apresentação
No início do discurso da modernidade pictórica desenvolveram-se, basicamente, duas linhas de pesquisa: uma mais sensorial, vinculada com o postulado do "olho inocente ou infantil", em que o poder da pintura (ou das artes plásticas) radicava na capacidade de perceber as manchas, as formas e as cores enquanto tal, sem consciência do que, eventualmente, pudessem significar – é o que John Ruskin propunha nos seus textos de arte –; a outra, pelo contrário, sugeria uma participação da capacidade mental, que classifica, organiza e produz, consequentemente, um sistema especifico do plástico – os escritos de Maurice Denis dão conta dessa procura –. A contradição evidente dessas duas linhas de pesquisa diluía-se, ou reconciliava-se, numa mesma vontade: a de configurar uma linguagem plástica, própria e independente, que tentava cortar o vínculo com os temas, com as palavras e com os relatos, fossem estes sagrados ou literários. Por consequência, de forma inevitável, esta linguagem está subjacente em todas as mostras de arte, alargando-se nas colectivas, que oferecem um leque variado e diversificado de propostas. A mostra (ou exposição) colectiva tem a potencialidade de configurar um aparente espaço de coexistência pacífica, dando possibilidade à origem dos mais variados critérios: quer de leitura por parte dos espectadores, quer do discurso encarregado de aglutinar ou explicar esta diversidade nas técnicas, nos instrumentos, nas operativas e nas intenções dos artistas apresentados. Circulam, portanto, neste espaço, uma série de intenções: umas mais explícitas e outras implícitas; umas abertamente declaradas e outras mais próximas do murmúrio. Daí, não é de forma leviana que se assume a responsabilidade da realização de uma exposição deste tipo, sobretudo por esta também se propor a elucidar sobre a inevitabilidade do destino de toda obra artística: desde a ocupação de um muro (ou do dito espaço), até ao apelo que leva o espectador a procurar e criar uma possível leitura.
Reflexão sobre o projecto pessoal
Ruby SlippersPor questões técnicas, os sapatos prateados que L. Frank Baum atribuiu à personagem Dorothy no seu livro The Wonderful Wizard of Oz (de 1900), foram substituídos por sapatos vermelhos para a realização do filme The Wizard of Oz, em 1939. Estes sapatos são oriundos de uma bruxa, a Wicked Witch of the East, e disputados pela irmã da mesma, a Wicked Witch of the West, por possuírem poderes mágicos: ao usa-los, Dorothy fica protegida contra a malvadez desta última e pode regressar a casa quando quiser, bastando-lhe, apenas, bater os calcanhares três vezes e dizer "there's no place like home". Consequentemente, apesar de muita gente ignorar a existência de um motivo subjacente, os sapatos vermelhos ganharam uma conotação mágica. É pela existência dessa conexão, que aproprio a denominação "ruby slippers" para o conjunto de trabalhos que desenvolvo. Possuo um enorme fascínio pelos enredos da vida – pela forma como as situações que a compõem se desenrolam – e tenho a constante tendência, resultante de uma óbvia necessidade, de transpor essas narrativas para a tela. O que acabo por transpor são narrativas pessoais, porque foram as experimentadas por mim, mas tanto as conto conforme aconteceram, como conforme fiz questão de entende-las. Os fenómenos da vida que considero mais empolgantes acontecem em viagens: tanto físicas como mentais. Por isso, é inevitável que cada um dos meus trabalhos tenha uma viajem subjacente – da qual trago os elementos que mais me fascinaram e jogo o seu enredo para a tela. Depois da tela estar terminada, são os "ruby slippers" que assumem todo o protagonismo, porque é nesse preciso momento que os descalço e entrego ao espectador, não com o intuito dele voltar para casa, mas para que, tal como eu, ele percorra caminhos tão fantásticos e mágicos como os da Alice criada por Lewis Carrol. Todavia, a sua viagem será, certa e curiosamente, bastante distinta da minha.
Vera Bettencourt – 28 de Junho de 2007
1 comentário:
Obrigada pela atenção.
Beijinho!
Vera Bettencourt
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