04/06/07

HEI! Festival Festa Redonda oferece cabaz de cultura aos habitantes da ilha do Corvo




O Festival Festa Redonda 9 ilhas, 9 artes vai distribuir um cabaz de cultura pelas 150 famílias da ilha do Corvo, constituído por livros, cds e dvds, para além das exposições e dos espectáculos já previstos no programa do certame.
Para a iniciativa, intitulada 1 família do Corvo, 1 cabaz de cultura, que terá lugar por altura da inauguração do festival a 25 de Outubro de 2007, concorre a oferta de diversas instituições regionais e nacionais, tais como de editoras, discotecas, autarquias, universidades, fundações e diversas outras instituições públicas e privadas.
Segundo a Comissária do festival, Raquel Mendes Matos, “pretende-se com esta iniciativa do cabaz de cultura reforçar a presença do evento na mais pequena ilha do arquipélago açoriano, onde a oferta cultural é mínima, chamando a atenção do país para a ausência de equipamentos, bens e iniciativas culturais na mais pequena ilha dos Açores.”
“A situação excepcional de extremo isolamento e ultraperiferia da ilha do Corvo reclama uma discriminação positiva, não só política, mas também de oferta cultural, por parte dos governos dos Açores, da República e da União Europeia”, afirma a Comissária. E acrescenta: “O isolamento do Corvo não é só físico, material e geográfico, mas é, ainda, e talvez, sobretudo, cultural e comunicacional”. E prossegue: “O Festival Festa Redonda serve também para isso, para lembrar ao país e ao mundo que a ilha do Corvo é um caso singular de isolamento na Europa. A população do Corvo e os políticos da ilha, nomeadamente os seus autarcas, precisam de um sinal positivo, de um sinal de esperança que venha do exterior e que lhes diga, com acções e obras, que eles não estão sozinhos. Neste sentido, a cultura e a arte são um forte traço de união. E é isso o que o festival pretende – estender as mãos ao Corvo e ajudar os corvinos a saírem um pouco do seu isolamento.”
Neste sentido, a responsável máxima pelo festival chama a atenção para diversas contingências da mais pequena ilha do arquipélago açoriano e recorda que “no Inverno não há, sequer, ligações marítimas regulares com o Corvo. As únicas ligações regulares são por via aérea, três vezes por semana, num pequeno avião da Sata Air Açores, mas, não raras vezes, por causa do mau tempo, o aparelho não opera, sendo canceladas as viagens durante vários dias. A ilha do Corvo fica, então, completamente isolada da região e do mundo. Isso afecta a circulação de pessoas e bens, como o normal fornecimento de bens essenciais à ilha, combustíveis, correio e medicamentos para o Centro de Saúde ou, mais grave, a evacuação de doentes. Mas não somos os únicos, nem sequer os primeiros, a chamar a atenção para estas contingências. Por exemplo, o antigo Presidente da República, Mário Soares, em 1989, na sua Presidência Aberta aos Açores, pernoitou na ilha com uma comitiva de jornalistas exactamente para chamar a atenção do país para o isolamento ancestral do Corvo.”
A Comissária do Festival Festa Redonda lembra ainda que, para além das comunicações por telefone, telemóvel, internet ou por satélite, e do serviço público da RDP/Açores e da RTP/Açores, não existem quaisquer outros órgãos de comunicação social, nem equipamentos culturais no Corvo – para além da biblioteca municipal, actualmente em obras de restauro: “Não existem jornais, rádios locais, livrarias, discotecas, teatros, cinemas, nem sequer uma papelaria ou um simples quiosque de venda de jornais”, lembra. Raquel Mendes Matos, realça, porém o papel desenvolvido pela Câmara Municipal do Corvo e pela Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres “num esforço titânico de minimizar a falta de equipamentos e de eventos culturais na ilha”, como é o caso da actual reconstrução da biblioteca municipal que se encontrava degradada há vários anos, levada, agora, a cabo pela autarquia.
Com efeito, o único órgão de comunicação social existente no Corvo é o jornal paroquial Cristo Vivo, propriedade da paróquia de Nossa Senhora dos Milagres, distribuído semanalmente às cerca de 150 famílias da ilha ou o site da autarquia que dispõe de uma pequena secção de notícias. Neste sentido, o Pároco do Corvo, o Padre Alexandre Braga de Medeiros, disponibilizou-se para divulgar o programa e os eventos do Festival Festa Redonda no jornal paroquial da sua Igreja por considerar “tratar-se de um evento de primordial importância para a divulgação da arte e da cultura no Corvo”. A paróquia ofereceu ainda as suas instalações para a realização de concertos de música sacra e para a instalação de algumas exposições do festival.
O Festival Festa Redonda, recordamos, tem por objectivos facilitar o acesso de algumas franjas da população açoriana mais votadas ao isolamento a várias formas de cultura, contribuir para o desenvolvimento do potencial turístico das ilhas do arquipélago e divulgar jovens valores em nove áreas de criação artística distintas.
O primeiro “módulo”, de um total de nove (9) artes, a passar pela ilha do Corvo, será o da Fotografia, entre 25 de Outubro e 5 de Dezembro, com seis (6) exposições simultâneas a saber: Ad Naturam, de Carla Mendes; 12, de Daniel Velez; Medusa, de Sofia Berberan; Rostos e Costa Mágica, de Joel Santos (Prémio de Fotojornalismo Visão/BES, 2005) e Lisboa: Livro de Bordo – Vozes, olhares, memorações: um olhar fotográfico sobre a obra de José Cardoso Pires, de Magda Fernandes. Todas estas obras, de jovens artistas com idades inferiores a 35 anos, alguns já premiados, foram escolhidas por um concurso nacional levado a efeito pela organização do festival e todos eles já expuseram em Portugal ou no estrangeiro, merecendo o aval de diversas escolas de arte nacionais ou estrangeiras, como o IADE ou a Fundação Calouste Gulbenkian.
Para além destas exposições, e ainda no âmbito deste primeiro módulo do Festival na ilha do Corvo, serão realizados workshops, seminários e acções de formação relativas à arte da Fotografia que envolverão os alunos da Escola Básica Integrada Mouzinho da Silveira, as crianças e os idosos da Santa Casa da Misericórdia do Corvo e as crianças e jovens da catequese da Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres, para além da população e outros interessados em geral.
Dadas as limitações logísticas da ilha, as várias exposições serão divididas por diferentes entidades, tendo sido já solicitada a colaboração, para além da Câmara Municipal do Corvo, da Escola Básica Integrada Mouzinho da Silveira, da Associação dos Bombeiros Voluntários da Ilha do Corvo, da Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres e dos Serviços de Desenvolvimento Agrário das Flores e do Corvo – Núcleo do Corvo
O festival arranca no próximo dia 25 de Outubro nas nove ilhas dos Açores e irá prolongar-se durante dezoito meses até Abril de 2009.
As mostras de Arquitectura/Design, Cinema, Dança, Escultura, Fotografia, Literatura, Música, Pintura e Teatro vão correr os Açores durante ano e meio, numa lógica de festival itinerante.
Depois de uma inauguração simultânea em todo o arquipélago, cada expressão artística estará em cada uma das nove ilhas – Corvo, Flores, São Jorge, Pico, Graciosa, Terceira, Faial, Santa Maria e São Miguel – Nordeste – por um período máximo de dois meses.
O Festival Festa Redonda tem a chancela do projecto AIDA – Agência para o Investimento e Desenvolvimento pela Arte, que desenvolve actividades artísticas e culturais em diversas regiões ultraperiféricas de Portugal e da Europa.

Poderá ter a acesso a mais informação em www.festaredonda.blogspot.com

A Programadora Cultural do Festival
Ana Isabel Pereira
Contactos: 919879824 –
projectos.festaredonda@gmail.com

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